Não adianta pensar que ser uma pessoa muito boa te livrará de acontecimentos dolorosos em sua vida. Há muito mais a ser entendido e discutido sobre isso. Esse é o ponto principal que Harold Kushner traz até você no livro ‘Quando coisas ruins acontecem às pessoas boas”.
Aos poucos ele vai trabalhando as ideias de que nem tudo o que acontece pode ser modificado, evitado ou que há um verdadeiro culpado para todos os fatos da vida, sejam eles bons ou ruins. Entretanto, com clareza, ele fortalece a ideia de que o livre arbítrio é real e mentor de muitos falsos acasos. “Se escolhemos o egoísmo e a desonestidade, podemos ser honestos e desonestos, e Deus não nos deterá.” Deus não intervém em nossas escolhas e em suas consequências. “Deus não pode deter-nos sem retirar-nos a liberdade que nos torna humanos.” Ou seja, muitos acontecimentos podem ser respostas de nossas próprias atitudes. Mas, claro que não justifica tudo, e nem poderia.
Longe de ser um livro religioso, esse é um livro que foi escrito por alguém que passou por momentos traumáticos na vida, o principal deles foi a perda de um filho, e que se viu em situações de pesar, dor, angústia.
Em certo momento Kushner entendeu que a pergunta a ser feita não era mais por quê isto aconteceu, por quê tinha que ser com ele ou o que fez para ter sido assim. A pergunta certa era: E agora? O que fazer daqui pra frente? Tudo depende de como olhamos para o acontecimento. Muitas vezes alimentando uma culpa pelo ocorrido e acabamos piorando o que já estava tão difícil, ou jogando tudo nas costas de Deus, afinal, se não foi Ele, fui eu o culpado. É o famoso “se”. Se eu não tivesse feito tal coisa, se eu não tivesse falado aqui, ou então, se eu tivesse agido de outra forma. Mas nada disso resolve.
Da mesma forma ocorre quando não é com a gente a dor, tentamos entender o que aconteceu e justificar, explicar a quem sofre, como se fôssemos resolver o problema. A verdade é que podemos ajudar simplesmente em não conjeturando demais, pois um momento de dor precisa de compaixão, ombro amigo, deixar desabafar, e não de lição de moral ou elucidações sobre o ocorrido.
“É difícil saber o que dizer a alguém abalado por uma tragédia - é mais fácil saber o que não dizer.”
Nunca será fácil. Nunca será perfeito. Mas há muito o que ser feito, pois a vida não acabou, apesar de parecer que sim.
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